A obra propõe que a DSR seja mais utilizada para a criação, implementação e monitoramento de políticas públicas no Judiciário
Em sintonia com o movimento global de inovação no setor público, o Poder Judiciário brasileiro, por meio da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), lança o livro Estudos sobre Design para a Inovação do Judiciário. Coordenado pela desembargadora federal (TRF-4) e membro do corpo docente da Enfam Luciane Amaral Corrêa Münch, a obra reúne artigos produzidos por alunos da disciplina Inovação e Design Organizacional do Mestrado Profissional, nos anos de 2021 e 2022.
A obra é destinada a todos aqueles que têm interesse em entender como a Design Science Research (DSR) pode ser utilizada para a pesquisa relacionada ao Direito e, em especial, ao Poder Judiciário, além de trazer ideias inspiradoras referentes aos diversos temas ali tratados.
Em entrevista, Luciane conta que a ideia de escrever o livro surgiu em conversas durante a disciplina. “Entre as possibilidades de publicação, os alunos preferiram que todos os trabalhos da disciplina fossem reunidos em um único livro, já que todos têm em comum a pesquisa voltada ao design.” Ela acrescenta que a escolha dos temas ocorreu de forma espontânea e por decisão dos próprios alunos, a partir das realidades por eles vivenciadas na jurisdição.
Design Science Research
A Design Science Research (DSR) é uma metodologia de pesquisa que alterna ciclos de design e ciclos empíricos. Conforme define Roel Wieringa, ela se relaciona com a investigação e o design de artefatos em determinados contextos. “Artefatos são os resultados das nossas criações: por exemplo, um sistema de processo eletrônico ou de inteligência artificial; uma organização ou estrutura, como as unidades interligadas ou os núcleos 4.0, entre outros”, exemplifica a professora.
Temas da obra, as áreas de Infância e Juventude e Violência contra a Mulher apresentam problemas de alta complexidade, conhecidos como problemas capciosos (wicked problems), envolvendo diferentes stakeholders. “A DSR é um instrumento valioso para avaliar se os artefatos já implementados estão ou não produzindo os efeitos esperados, sugerir aprimoramentos ou criar novos artefatos”, defende Luciane.
Em complemento, a desembargadora informa que as questões trazidas no livro dizem respeito à educação dos adolescentes que passam pelos centros socioeducativos. “Como desenvolver um projeto educativo que realmente faça sentido para eles, dentro do seu contexto?” Para ela, a combinação entre o rigor da investigação científica e a agilidade, criatividade, empatia do design, que é a essência da DSR, forma a metodologia ideal para tratar esses problemas de alta complexidade com que nos deparamos cotidianamente no Judiciário.
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