Encerramento da especialização em gestão judicial abordou inteligência artificial

Painel reuniu principais impactos do uso dessa tecnologia no Judiciário

Inteligência Artificial na Justiça: gestão e melhoria de desempenho foi o tema escolhido para o último painel do evento que marca o encerramento da especialização em Gestão Judicial: Judiciário de alta performance, realizado nas últimas quinta e sexta-feiras, 21 e 22 de novembro. O curso foi desenvolvido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e teve a participação de 36 discentes neste último encontro na sede da Escola.

O tema foi apresentado pela psicóloga e servidora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Regina Lúcia Nogueira e pelo juiz federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e ex-secretário-geral da Enfam Rodrigo Gonçalves de Souza. A professora doutora Luiza Vieira Sá de Figueiredo ficou responsável pela moderação do debate.

Primeira a se apresentar, Regina abordou a Inteligência Artificial Generativa ChatGPT na perspectiva da neurociência. Ela apresentou o conceito de intelligence augmentation, que trata da combinação entre o uso da inteligência humana e a IA Generativa. “Entre os resultados, flexibilidade cognitiva, aprimoramento da tomada de decisão e o desenvolvimento de novas habilidades”, destacou.

A psicóloga falou ainda sobre o impacto dessas novas tecnologias na saúde cerebral. “A transformação tecnológica implica alterações significativas no cérebro dos usuários. Precisamos estar atentos ao letramento em IA Generativa, mas sobretudo como cuidar desses cérebros de excelência, que são o maior patrimônio no Judiciário”, observou. Por fim, destacou que a lacuna digital vai aumentar ainda mais com o uso dessa nova tecnologia, e que tem impactos sociais, econômicos e de gênero.

Em seguida, Rodrigo Souza falou que o uso de IA generativa é possivelmente um caminho sem volta para o Judiciário, e comparou o momento com o início da internet. “O Judiciário fez uma escolha a partir do início da utilização da rede de computadores, quando transferimos a base de processos para a nuvem. Agora é impossível tirar o Judiciário da tomada. Novas perspectivas podem surgir, mas este é um caminho que não tem mais volta”, disse.

Ele debateu os impactos das novas tecnologias na gestão, no desempenho do Poder Judiciário e na utilização prática de IA, e também abordou de que forma já está sendo utilizada nessa área. Segundo Rodrigo, atualmente essa tecnologia contribui para automações inteligentes, classificação e triagem de processos, resumo automático de processos, resumo de audiências judiciais, resumo de reuniões, detecção de fraudes e anomalias, suporte à conciliação e mediação, e detecção de demandas abusivas.

Ao final, falou sobre iniciativas como o projeto Sinergia do TRF1, que busca aumentar a eficiência e a produtividade dos processos, garantindo o uso ético e técnico adequado da IA Generativa. “A realidade digital não reduziu o trabalho. Foi o contrário, aumentou, mas com qualidade e eficiência melhores. Também não vamos ser substituídos pelas máquinas, mas utilizar essa tecnologia a nosso favor”, concluiu Rodrigo Souza.

Após a palestra, os participantes formaram três grupos e seguiram para apresentações, até a tarde desta sexta-feira, de relatórios dos Trabalhos de Conclusão de Curso. Após as exposições, haverá a avaliação de reação do curso e o encerramento.

21 a 22/11/2024 I Especialização Gestão Judicial: Judiciário de alta performance I Brasília/DF