6º Seminário Jurídico de Seguros debate a regulação no contexto da atuação das seguradoras no Brasil

Evento aconteceu no último dia 30 de novembro, no auditório do CJF

Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se reuniram ontem (30/11) com especialistas e representantes do setor securitário para debater questões relacionadas à área. Realizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e pela Revista Justiça & Cidadania, o evento aconteceu no auditório do Conselho da Justiça Federal (CJF) e contou, em sua abertura, com a presença dos ministros Ricardo Villas Bôas Cueva e João Otávio de Noronha, coordenadores científicos do seminário.

Compuseram ainda a mesa, os ministros Antonio Saldanha Palheiros e Antonio Carlos Ferreira, além de Paulo Rebello, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Dyogo Oliveira e Glauce Carvalhal, presidente e conselheira jurídica da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), respectivamente.  

O presidente do Instituto Justiça & Cidadania, Tiago Santos Salles, também presente, saudou os palestrantes, demais convidados e participantes. “Encaramos esses eventos como uma oportunidade para construir juntos um futuro que desejamos, tratarmos das questões que já chegaram ou que ainda estão a caminho e para aprofundarmos as reflexões propositivas que favoreçam a retomada do desenvolvimento socioeconômico do país e que nos deem esperança de dias melhores”, disse ao abrir o Congresso.

Cueva destacou a importância do evento lembrando que é um momento quando a magistratura e sobretudo as agências reguladoras têm a oportunidade de debater. “Já é habitual no nosso Judiciário a ideia de que um magistrado deve, ao analisar uma relação complexa como a de seguros ou a de planos de saúde, em primeiro lugar estudar a lei e, em segundo, estudar a regulação, porque, obviamente, é disso que se trata: uma relação complexa que sofre não só a intervenção de normas legais, mas de normas regulamentares que vão sendo editadas com o tempo e vão moldando aquela relação contratual”, explicou.

Segundo o ministro, é preciso que se entenda isso profundamente. “Essa é a oportunidade por excelência que nós temos de sair dos gabinetes e dialogar, conhecer as pessoas e aprender como funciona o processo regulatório, como ele tem-se transformado com o tempo, qual a lógica que preside essa atividade regulatória”, afirmou, ressaltando a importância disso para que se possa julgar com serenidade e conhecendo em profundidade os temas que são levados a julgamento.

Sistema de saúde e seguro garantia
Saúde complementar e suplementar foi o tema do primeiro painel do congresso, presidido pelo ministro João Otávio de Noronha e com a participação de Antônio Saldanha Palheiros. Os lados positivos e negativos do sistema foram destacados. Citando exemplos, Palheiros lembrou os fatores que impulsionam a judicialização da questão, como ativismo judicial, aumento de usuários de planos de saúde, aumento do número de novos medicamentos e as políticas restritivas das administradoras. Fraudes, lobby e outras questões também foram abordadas.

O seguro garantia, instrumento de garantia para débitos tributários e não tributários, foi debatido em mesa presidida por Antonio Carlos Ferreira e composta por Riberio Dantas. A jurisprudência do STJ foi a principal diretriz da fala do ministro.

Regulamentação
Após intervalo para almoço, o 6º Seminário Jurídico de Seguros aprofundou o diálogo sobre questões relacionadas à regulação do setor em múltiplas áreas, de proteção veicular a seguro de vida. O ministro Gurgel de Faria discorreu sobre a importância da regulação dos setores financeiro e securitário, e como ela está disposta pela Constituição Federal brasileira.

O ministro recapitulou a crise financeira nesses setores, que ocorreram nos Estados Unidos, durante o ano de 2008, para explicar como o Brasil impediu os efeitos dessa crise de maneira mais contundente em decorrência da ação estatal.

Gabriel Melo Costa, coordenador de Fiscalização de Conduta de Seguros Massificados, Pessoas e Previdência da Superintendência de Seguros Privados (Susep), falou sobre a importância da regulação do mercado de seguros, relacionando-o à atuação das associações de proteção veicular. A partir dessa perspectiva, ele explicou a área de atuação da Susep.

Já o gerente do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Minas Gerais, Gilberto Dias, apresentou a dificuldade que os consumidores enfrentam no cotidiano com as associações de proteção veicular e mostrou como o Procon-MG tem lidado com a questão e as nuances da falta de uma legislação específica.

Presidido pelo ministro Raul Araújo e contando com a presença do ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, o quarto painel tratou do bom gerenciamento dos seguros de vida, Prêmio de Seguro de Vida e reenquadramento etário.

Confira, na íntegra, no canal da Enfam no YouTube:

Transmissão da manhã
Foram tratados os temas: Questões Judiciais Complexas na Saúde Suplementar – Desafios e Soluções; e Seguro Garantia – instrumento de garantia para débitos.

Transmissão da tarde
Foram tratados os temas: A Regulação da Atividade Seguradora e o Mercado Ilegal da Proteção Veicular; e Seguro de Vida – reflexões jurídico-econômicas.

[30/11/2023] Brasília/DF - 6º Seminário Jurídico de Seguros